terça-feira, 4 de agosto de 2009

HISTORINHA DE VIDA DE UM CAOZINHO


1ª semana - Hoje faz uma semana que nasci, que alegria ter chegado a este mundo!
1o mês - Minha mãe me cuida muito bem. É uma mãe exemplar.
2o mês - Hoje me separaram de minha mãe. Ela estava muito inquieta e, com seus olhos, me deu adeus, esperando que minha nova 'família humana' cuide tão bem de mim como ela fez.
4o mês - Tenho crescido rápido, tudo chama minha atenção. Há várias crianças na casa que para mim são como se fossem irmãozinhos. Somos muito inquietos, eles puxam o meu rabo e eu mordo brincando.
5o mês - Hoje me repreenderam. Meu dono ficou bravo porque fiz xixi dentro de casa, mas nunca tinham me dito onde devo fazê-lo. Ainda durmo na área de serviço. Já não agüentava mais!
8o mês - Sou um cachorro feliz. Tenho o calor da família, me sinto tão seguro, tão protegido. Acredito que meu dono gosta muito de mim. Quando está comendo, me convida. O patio é só para mim e faço minhas artes cavando como os meus antepassados, os lobos, quando escondiam a comida. Nunca me ensinaram. Devo estar fazendo a coisa certa.
12 meses - Hoje fiz um ano. Sou um cachorro adulto. Meus donos dizem que cresci mais do que pensavam... Devem estar orgulhosos de mim.
13 meses - Como me senti mal hoje. Meu 'irmãozinho' pegou minha bola... eu nunca pego os brinquedos dele. Assim, tirei dele novamente mas minhas mandíbulas ficaram muito fortes e o machuquei sem querer. Depois do susto, me acorrentaram, quase sem poder me mexer, no sol. Dizem que vou ficar em observação e que sou um ingrato. Não entendo nada do que aconteceu.
15 meses - Nada mais é igual...vivo na sacada. Me sinto muito sozinho... minha família já não gosta mais de mim. Às vezes esquecem que tenho fome e sede... quando chove não tenho teto para me cobrir.
16 meses - Hoje me tiraram da sacada. Com certeza a minha família me perdoou. Eu fiquei tão contente que dava pulos de alegria. Meu rabo parecia ventilador. Me levaram com eles para passear. Estávamos na estrada e de repente pararam, abriram a porta e eu desci feliz, acreditando que faríamos nosso 'piquenique'. Não entendo porque fecharam a porta e foram embora."Escutem, esperem!" - lati - "Esqueceram de mim!" Corri atrás do carro com toda minhas forças. Minha angústia crescia ao me dar conta que ficava cansado e eles não parariam: tinham me esquecido.
17 meses - Tenho tentado, em vão, procurar o caminho de volta a casa... sinto que estou perdido. No meu caminho há gente de bom coração, que me olha com tristeza e me dá algo para comer. Eu agradeço com meu olhar e do fundo da minha alma. Eu queria que me adotassem, seria leal como ninguém. Mas só dizem "pobre cachorrinho, deve estar perdido".
18 meses - Outro dia passei por uma escola e vi muitas crianças e jovens como meus 'irmãozinhos'. Me aproximei e um grupo deles, rindo, me jogou uma chuva de pedras "para ver quem tinha a melhor pontaria". Uma das pedras machucou meu olho e desde então não vejo com ele.
19 meses - Parece mentira... quando estava mais bonito ficavam com mais pena de mim, hoje estou magro, meu aspecto está mudado... perdi meu olho... e as pessoas me espantam a vassouradas quando tento deitar-me numa sombra.
20 meses - Quase não posso me mover... hoje ao atravessar uma rua por onde passam muito carros um me atropelou. Eu estava num lugar seguro chamado acostamento... nunca vou esquecer o olhar de satisfação do motorista, que desviou o trajeto para me bater. Queria que tivesse me matado, mas só deslocou a bacia. A dor é terrível, minhas patas traseiras não respondem e, com dificuldade, arrastei-me até um pouco de grama ao lado da rua.Estou a 10 dias embaixo do sol, da chuva e no frio, sem comer. Já não posso me mover... a dor é insuportável. Sinto-me muito mal, fiquei em um lugar úmido e parece que até meu pêlo está caindo. Algumas pessoas passam e nem me vêem, outras dizem: "Não te aproxime". Já estou quase inconsciente mas alguma força estranha me fez abrir os olhos... a doçura de sua voz me fez reagir."Pobre cachorrinho, olha como te deixaram", dizia... junto dela vinha um senhor de jaleco branco, começou a me tocar e falou: "Sinto muito senhora, mas este cachorro já não tem remédio, é melhor que pare de sofrer". Da gentil senhora caíram lagrimas dos olhos. Como pude, movi o rabo e a olhei, agradecendo-a por me ajudar a descansar. Só senti a picada da agulha, dormi pra sempre pensando porque tive que nascer se ninguém me queria.

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